Resenha - Meu Vicío da Kell Teixeira

18:34


Meu Vício
Autor: Kell Teixeira
Editora: Bezz
Sinopse: Elena Tyner é uma garota comum de dezenove anos que cursa psicologia. Devido a uma criação tradicional, assim como a sociedade em sua maioria, ela possui preceitos e preconceitos contra usuários de drogas, passando até ter repúdio pelos mesmos. Mas tudo muda quando ela faz uma entrevista com um usuário, se envolve e passa a ver o outro lado da história. 

Nesse drama é relatado de forma clara e espontânea a amarga experiência que é conviver, amar, e presenciar uma pessoa entregar sua vida para as drogas... Um caminho obscuro e muitas vezes sem volta... 

Falar sobre dependência química é muito forte, muito atual e de suma importância. Mostrar todo sofrimento do dependente e de todos ao redor de forma tão realista e interessante, faz com que a gente vivencie o sofrimento junto com Maycon e Elena. E sinta o amor surgindo no meio das trevas, da dúvida. Um amor puro e sincero, porém não aceito

RESENHA: 
Um relacionamento abusivo e frustrante. O romance de Elena e Maycon é exatamente assim, perdi a noção de quantas vezes Elena chora, se acha pouco para ele, acredita que vai fazer com que ele mude, eles brigam, ela chora, ele volta para o seu amor, a cocaína.

Elena Tyner, a mocinha típica de romances, nerd, com um baixo auto estima e que acredita em felizes para sempre. Elena é uma menina tão frustrante que ainda não sei como Maycon e ela se apaixonaram. 

Maycon o bad boy viciado em cocaína, rodeado de mulheres e festas, diferente da maioria dos viciados, ele tem uma estrutura familiar, uma mãe que está disposta a gastar até seu último centavo para salvar a vida dele e um pai que sustenta seus vícios, mesmo que a contragosto.
Em meu vício quase todos os personagens querem salvar Maycon, só tem um problema, ele nunca pediu para alguém o salvar. 

“Não quero melhorar esse mundo, quero sair dele. Algumas pessoas não se encaixam, ou como eu, elas não nasceram para esse mundo.” Maycon

Elena e Maycon iniciam um relacionamento muito tumultuado, recheado de brigas, ciúmes e sexo. O relacionamento deles é abusivo, Maycon é extremamente possessivo e ciumento com Elena, já ela é ciumenta e insegura, além do abuso moral que eles fazem um com o outro, claramente esses dois não deveriam estar juntos. Talvez eu seja insensível, mas não me compadeci dos sofrimentos e angustias de Elena, eu queria bater nela e mandar ela acordar para a vida. Não me apaixonei por Maycon, na verdade eu o odeio, como alguém pode tratar o “amor da sua vida” daquela forma? Eu não entendo.

Kell tem uma narrativa bem imprevisível, não é um daqueles livros onde você sabe o que vai acontecer, pelo contrário é imprevisível, exceto Elena, ela é muito previsível, a garotinha que acredita em contos de fadas, sua fé em Maycon é tão cega que deixará o leitor frustrado. 

Elena tem um cara incrível ao seu lado, Keven o melhor amigo com quem ela divide o quarto, ele é o tipo de cara pelo qual a maioria das garotas se apaixonariam, ele é gentil, bom, compreensível etc. Keven tenta por diversas vezes abrir os olhos de Elena, explicando como funciona a situação, mas ela não ouve nada e nem ninguém. Cega, surda e muda, o problema é que ela não escuta nem o próprio Maycon. 

“— O que você quer de mim, Elena? - Ele me pergunta, me olhando sedutoramente. 
— Quero que você me ame intensamente, quero que sinta necessidade de mim.”

A construção dos personagens me deixou confusa, Maycon diz algumas coisas e age de maneira totalmente diferente, as longas declarações de amor me cansaram, eles dizem muito a famosa frase “ Eu te amo”, mas não agem como se amassem o outro, eles abusam moralmente um do outro. Elena não devia ser tão insegura e Maycon não deveria ter que mudar quando não quer, mesmo que a consequência seja ele morrer. Na vida real nem sempre mudamos as pessoas, mas Elena está presa aos contos de fada. 

“Fico sem saber o que responder, estou perdida; o quero, mas não quero o mundo autodestrutivo dele. Questiono-me se o amor realmente muda as pessoas, ainda sim, Maycon parece ser a exceção disso. Não quer mudar, não quer mesmo. Antes que eu responda, ele volta a me beijar. É nesse momento que eu me rendo e toda dúvida desaparece.”

O final do livro foi previsível até certo ponto. Kell iniciou no universo literário com um livro sobre relacionamento abusivo, drogas e sexo. O sexo está encoberto, sem cena explicitas e quentes, o casal é bem morno por assim dizer, a maioria dos livros do gênero new adult tem cenas bem mais interessantes do que as encontradas nesse livro.

O livro pode agradar ao público que gosta desse tipo de livro, com longas declarações de amor, com sexo pouco ousado e uma trama que vai te fazer odiar e gostar ao mesmo tempo. Mesmo enquanto odiar, vai querer saber qual será o final dos personagens. 

Se eu recomendo? Bom Meu Vicio, cumpre com o objetivo de entreter, o vicio em drogas seja licitas ou ilícitas merece uma discussão sobre o assunto, além do relacionamento abusivo e uma visão distorcida sobre amor. O romance não me convenceu, não somente por não ser um relacionamento saudável, eu tive a impressão o tempo inteiro, mesmo durante as juras de amor, que eles não se amam, eles estão com uma obsessão em ter o outro como um objeto e não por querer bem. Então leiam, se for para distrair ou para levantar uma discussão sobre os temas abordados. 

Outros couts: 
Sinto êxtase, prazer, me sinto viva. É inexplicável, sinto euforia, sensação de que posso tudo e posso mais que todos, me sinto livre, e assim como ele, sei que preciso de mais, cada vez uma dose mais forte, não nas veias, mas no meu coração..

Ela o ama, ele ama a cocaína. 
"-Por que você surgiu só depois que eu me perdi? - ele sussurra me olhando de relance. - Porque eu tinha que te encontrar - sorrio e o faço sorrir."


Até a próxima! 

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